domingo, 30 de dezembro de 2007

É domingo,dia 30

É dia 30,último domingo de 2007.
Antes eu sempre ficava naquela "magia" de hoje é o último domingo, que roupa vestir,o que vou fazer-assim como no dia de aniversário.Engraçado que eu e meus irmãos ficávamos naquela contagem regressiva: último jantar,último banho, último passeio, primeiro banho,primeiro almoço. Lembro que na televisão também contavam o último comercial do ano e o primeiro.
A gente se divertia.
Isto já não existe mais.Tentei fazer no meu aniversário,mas foi deprimente.
Terminei o sábado bem alegre. Até comentaram que me viram na rua numa alegria contagiante. Bom ouvir isto.Não havia ocasião especial,foi um passeio que fiz com amigos,depois caminhamos, o clima estava bom e um ventinho maravilhoso. quanto tempo não saía assim a noite,tranqüila com pessoas que sabem conversar. Meu sábado valeu a pena. Não fiz planos, fui permitindo viver.
Eu tinha motivos para chegar de cara emburrada,triste,chorando àquele encontro. Porém dei a volta por cima. Enquanto caminhava botei o problema na latinha de lixo e segui com o sorriso no rosto. Confesso que ontem eu estava distribuindo sorrisos de graça,rsrsrsrs
Ainda não fiz um relatório do ano,já andei pensando em alguma coisas. Sei que me deixei abater muito em algumas situações. É aquela velha história de transformar o problema em algo tão grande que deixamos de viver.
E ainda teve as vezes que me inferiorizei, me isolei,reclamei sem parar e chateei-a mim mesma até.
Nunca convivi tanto com a palavra saudades. Mais um aprendizado de 2007.O mais interessante é que a distância não consegue desfazer laços.
Assim como os problemas e defeitos não desmoronam um relacionamento sólido.
Cheguei até aqui sustentada por Deus,porque por mim mesma não teria mais vida este ano. Era eu ou alguém para ainda viver. Continuamos a viver.Deus sabe.
Vi o quanto Deus conhece os meus pensamentos do coração e o quanto Ele faz para demonstrar seu zelo,cuidado e amor. Deus se preocupa bastante. Está sempre ali a apontar,a a mostrar.
Quando não tinha mais força,me carregava;permitiu que eu pudesse descansar.
Falou manso,mas também falou duro.( Eu admito que gosto de um puxão de orelha).
É preciso,?rsrsrs
E o silêncio...até assim Ele fala!!!E escuta meu silêncio tão ensurdecedor.
Tive que ficar mais no silêncio.Aliás, boa parte do que vivi e consegui foi à base do silêncio.
É necessário ter uma particularidade com Ele. Dói porque nem sempre Ele responde ao que quero,no tempo que quero.
E eu andei indagando incontáveis vezes: "por que?por que nem tudo pode ser completo?parece que se vive de forma fragmentada nesta vida..."
Convivi com um silêncio que doía. Sentada na sala, num banco no quintal, deitada olhando para a parede azul do meu quarto, olhando para o espelho,para a tela do computador.
Silêncio,silêncio...silêncio dinâmico?Já escrevi isto para alguém. Sinceramente,não pensei que o meu fosse dinâmico.
Achei-o monótono,angustiante, e com um poder de me consumir de uma tal forma que eu tinha vontade de gritar.
Estou aqui ainda...vivendo evoluções e revoluções. Involuções também.
Eu penso e acho que posso dizer: " Valeu a pena!"Em alguns aspectos saí fortalecida.
Em outros,talvez não. É um processo gradual.
Continuo a viver,não agrado a todo mundo mesmo. Me ame do jeito que sou,no que for preciso eu mudo sim.Tente conhecer antes de tirar conclusões.
Sigo querendo a coragem de criar oportunidades, de viver,viver bem. Viver com fé.
Vou terminar com uma paráfrase que fiz:
*Meu Deus, me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,todos cheios de tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse cheio como plenitude.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba que mesmo quando nada tenho mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo.
(o original escrito por Clarice Lispector)

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